A menina do olfacto delicado

sensibilidades e limitações de um nariz e outras verdades igualmente falsas

segunda-feira, julho 31, 2006

L'orazione quotidiane

Aquele que amo

Disse-me

Que precisa de mim.

Por isso

Cuido de mim

Olho meu caminho

E receio ser morta

Por uma só gota de chuva.

Brecht

Jogos de café sobre a vida pós-moderna,ui.

quinta-feira, julho 27, 2006

conselho do dia



Porém contraproducente (foi-me dito):
- "Fuma um cigarro que isso passa"!
-"Passa"?Isso é alguma mensagem subliminar?
Ficou sem saldo.

"Cada vez que cometo un error me parece descubrir una verdad que no conocía"*

*Maurice Maeterlinck


Um abraço negado provoca maior dor do que uma lavagem gástrica.
delicatenose

terça-feira, julho 25, 2006

Este computador ainda não me deixa cheirar.

Falo com desconhecidos com cara. Contamos histórias...o que
foi e o que ainda será.E vamos escrevendo pequenos romances de cordel, contos
policiais, alguns poemas líricos, tramas politicas..guiões de sitcom...o nosso
pequeno dia-a-dia, a "vidinha"...
clique. O resto do mundo está lá...
Mas eu cá penso:
os amigos...para serem amigos devemos ter a liberdade e curta distância física
para poder cheirá-los???
ou não...

segunda-feira, julho 24, 2006

hoje apetecia-me. red wine and you.


Ti ricordi quei giorni?

Uscimmo dopo le canzoni per camminare piano... Ti ricordi quei
giorni? Gli
amici bevevano vino, qualcuno parlava e rideva, noi quasi
lontano, vicino a te,
vicino a me e ci parlammo ognuno per lasciare
qualcosa, per creare qualcosa, per
avere qualcosa... Ti ricordi quei
giorni?
I tuoi occhi si incupivano, il tuo
viso si arrossava e ti
stringevi a me
nella mia stanza, quasi un respiro, poi mi
dicesti
"Basta, perché non voglio
guardarti, perché ho paura ad amarti". E
dicesti, e dicesti e dicesti... Le
tue parole quasi io non ricordo più,
ma
nemmeno tu ricordi niente.... Ora
dove sei e che gente vede il
tuo
viso e
ascolta le tue parole leggere, le
tue sciocchezze
leggere, le tue
lacrime
leggere, come una volta? Che cosa
dici ora
quando qualcuno ti
abbraccia e tu
nascondi la faccia e tu alzi
fiera
la faccia e guardi
diritto in faccia come
allora? Qui un poco piove e
un poco il sole,
aspettiamo ogni giorno che questa
estate finisca,
che ogni
incertezza
svanisca... E tu? Io non ricordo più che
voce
hai... Che cosa
fai? Io
non credo davvero che quel tempo ritorni, ma
ricordo quei giorni, ma
ricordo quei giorni, ma ricordo quei giorni ma
ricordo...

Francesco Guccini

sexta-feira, julho 21, 2006

Quando vais embora...(Não, Não sou pouco higiénica)

Acontece que esta noite não vou tomar banho.
Quero apenas dormir contigo...

O olhar distanciado é vocação ou treino?

Este é um período critico e sinceramente espero que não dure...(e qual é que não é?). Homogeneização paralisante(tudinho made in usa)que irrita e faz sucessivas cócegas no meu nariz.Já disse que ele é muito delicado?Este cheiro que vem todos os dias com a jornalista sexy à hora de jantar.Um cheiro difícil de descrever porque as associações feitas são fáceis demais.Dificilmente se assemelha a um odor de abacaxi com cheiro de framboesa absolutamente extraordinário, era maravilhoso!Ha muitos e muitos outros cheiros, mencionei este apenas como um exemplo.Todos os dias apodrecem o Velho e Novo Mundo.Mas eu sou uma menina e não posso dizer com todas as letras a que me cheira esta constante e cultural prepotência( e predominância) dos canastrões ignorantes, medrosos e merd..... senhores do mundo.
Quando eu crescer quero uma televisão que dê noticias bem-cheirosas!

quinta-feira, julho 20, 2006

ilusão olfactiva

Acordei embriagada com o teu cheiro.E tu não estavas.

Vou cheirando o cacofónico discurso da vida

Fazer escolhas. Traço específico da minha pseudo-existência-organizada de folclore. Deambulo entre trabalhos gémeos, repetidos. Onde encontrar poesia.Reflexão.Tempo esgotando-se nos dias.Ficção.Mais dias.De quem nascido ou convivente num país se projecta sobre si próprio.Tenho fixações muito pessoais. Comprometem a representação fiel da realidade.O meu cérebro ficcionista arrasta os pés. Transmite à boca e à língua elementos semânticos deformados .Contam estórias nas quais a intenção do autor e o significado do texto deixam de coincidir.

Van Gogh dizia -"o girassol enquanto girassol só o é em determinado momento". Também tenho horas em que sou pessoa.Urgente.Estabilizar os termos.Congelando-os em denotações precisas.Já disse.O meu cérebro.Cultiva a noção de desvio em relação à realidade objectiva.É redundante, metafórico.Serve-se constantemente de características extra-linguisticas-psicadélicas.A minha cabeça não sabe ler o mundo.Não distingue a realidade da sua individualidade. Perante a não referencialidade.Deixa-se transportar para um plano de leitura irreal.

Elipses.Sumários.Desenvolvimentos. Pausas descritivas.O seu estilo. Não deve ser considerado inteiramente independente da delicadez e sensibilidade do meu nariz. O cérebro também cheira.O nariz também pensa.E cá vão ambos.Em dias terrestres.ondulantes.vermelhos.De calor.De guerra ou de combate.

À procura de um vocabulário da vida concreto e resistente.

Que se possa ler.E cheirar.

quarta-feira, julho 19, 2006

A irmã sem cheiro

Hoje caíu-me em cima um míssil vindo de israel.
Não gosto de telefones, nunca cheiram bem e raramente respondem o que quero ouvir.

Acerca da pele, do suor. Do amor.


Esta noite vou cheirar-te...estou feliz.

terça-feira, julho 18, 2006

at last...último cheirinho...

"Penso que a mãe, em todos os casos ou quase, no caso de todas as infâncias, no caso de todas as existências que se seguiram a essa infância, a mãe representava a loucura. Continua a ser a pessoa mais estranha, mais louca que alguma vez encontrámos, nós, os filhos. Muitas pessoas dizem quando falam da mãe - A minha mãe era louca, digo isto e é o que eu penso. Louca. Nas recordações rimo-nos muito das mães. E é agradável."

M.Duras

Marias e mães...

Que não podemos viver sem elas, mesmo quando fisicamente ausentes ou inexistentes nas nossas vidas, já eu sabia...Tantas mães que eu encontrei nos meus livros...
Quem quer ser esta???
"Abandona o corpo do filho, aos filhos, por cima dela como sobre uma colina, como um jardim, comem-na, batem-lhe, dormem-lhe em cima e ela deixa-se devorar e às vezes dorme enquanto eles estão por cima do corpo dela."
Marguerite Duras
A vida Material
O lugar da mãe pode-se configurar como lugar do inconsciente, da experiência supra-individual. Pode ser a totalidade de todos os arquétipos e , por vezes, objecto de fixações...A mãe continua a exercer um fascínio inconsciente que ameaça paralisar o desenvolvimento do "eu". A mãe pessoal recobre o arquétipo de mãe/símbolo do não-eu.
e continua:
"Essa mãe venerada que foi companheira dele e única heroína no deserto da sua vida."
idem, ibid,referindo-se à relação afectiva mãe/filho de Roland Barthes.
I'm your queen ou criança sofre!!!
A mãe pode ser indiferente ao indivíduo, completamente absorvida pelo ciclo cego da criação e tornar-se numa mãe devoradora (nhamy!!!). A mãe que torna a casa inabitável.
"que faz com que as crianças fujam de casa (...) como nós fugimos. Fugimos porque a única aventura é a que foi prevista pela Mãe."
ibidem.
A mãe ilusão ou andam é à procura de mãezinha, andam,andam...
"és afinal a única/és talvez a inúmera
ternura que vem depois do sol/quando depois do sol não vem mais nada."
David Mourão-Ferreira
Os amantes
A mãe surge como ilusão do Nada e ilusão de Tudo, ligada à presença da amante que é apenas o eco da mãe definitivamente perdida.



A minha mãe e a tua...

A mãe pode ser extensiva, uma instituiçao, pode guardar a vida (dos filhos) dentro de um baú, na maior parte das vezes, a mãe pode ser uma criança, pode ser a fada madrinha ou a bruxa má...

No sorriso louco das mães

No sorriso louco das mães batem
as
leves gotas de chuva. Nas amadas caras loucas batem e batemos dedos
amarelos das
candeias.Que balouçam. Que são puras.Gotas e candeias
puras. E
as
mães aproximam-se soprando os dedos frios.Seu corpo
move-se pelo meio dos
ossos
filiais, pelos tendões e orgãos mergulhados,e
as calmas mães
intrínsecas
sentam-se nas cabeças filiais.Sentam-se, e
estão ali num silêncio
demorado e
apressado,vendo tudo,e queimando as
imagens, alimentando as
imagens,enquanto o
amor é cada vez mais forte. E
bate-lhes nas caras, o amor
leve. O amor feroz. E as
mães são cada vez
mais belas. Pensam os filhos que
elas levitam. Flores violentas
batem nas
suas pálpebras. Elas respiram ao alto
e em baixo. São silenciosas. E a
sua
cara está no meio das gotas
particulares da chuva,em volta das candeias. No
contínuo escorrer dos
filhos. As mães são as mais altas coisas que os
filhos criam,
porque se
colocam na combustão dos filhos. Porque os filhos
são como invasores
dentes-de-leãono terreno das mães.E as mães são poços de
petróleo nas
palavras
dos filhos,e atiram-se, através deles, como
jactos para fora da
terra.E os filhos
mergulham em escafandros no
interior de muitas águas,e
trazem as mães como polvos
embrulhados nas
mãos e na agudez de toda a sua
vida.E o filho senta-se com a sua
mãe à
cabeceira da mesa,e através dele a
mãe mexe aqui e ali,nas chávenas e nos
garfos.E através da mãe o filho
pensa que nenhuma morte é possível e as
águas estão ligadas entre si por meio
da mão dele que toca a cara louca da
mãe que
toca a mão pressentida do
filho. E por dentro do amor, até
somente ser possível
amar tudo,e ser
possível tudo ser reencontrado por
dentro do amor.

Herberto Helder

às vezes canso-me de cheirar este país (de filhos) de mães! Ou não me chateiem mais com a conversa do meu relógio biológico !!!

Recuso-me a falar sobre:
- músicas pop/pimba que falam da "mãezinha";
- as "mães de Bragança."
Sim...sim I:
"Os Portugueses comportam-se como um povo que teve mãe, mas é orfão de pai, o que historicamente até se poderia explicar por uma maneira positivista pela imigração massiva dos chefes de família durante a maior parte do tempo da nossa história. Esta explicação poderia ter desenvolvimentos psicanalíticos"
António José saraiva
Sim..sim II
ou o meu nariz na universidade aprendeu que:
Se as mulheres não dessem filhos ao mundo nenhuma sociedade existia.
A existência da familia constitui um dos universais da cultura mas a sua estruturação e organização variam de sociedade para sociedade.
O sistema de parentesco encontra a sua delineação nos laços que permitem a procriação e a educação dos filhos. O parentesco é mais um fenómeno cultural e social do que biológico. O modelo patrilinear (acompanhado de uma forma de residência patrilocal) tradicionalmente característica nacional tende a desaparecer. A ausência constante do pai nacional fez perpetuar uma educação feminina direccionada, sobretudo, para a esfera familiar, entre a casa dos pais e a do marido, espaço doméstico, mãe e procriadora ( lindo...lindo!)
Pois...pois I:
Os progressos científicos tornam inadequada à realidade actual uma moral familiar tradicional, a ordem familiar é cada vez mais diversa e varia de acordo com valores de autonomia individual. (valha-me isso!)
A imensidão de literatura que tenho para aqui sobre as sras. nossas mãezinhas...Recordo-me que a Mãe real, a Mãe imaginada, a Mãe instituição, está lá, existe sempre, sob várias formas...vou (re)ver...cheirar de novo...depois volto...ou não.




também me cheira, meu caro watson!

"o que distingue um suícidio extremamente de qualquer outro tipo de morte é ser realizado com instrumentos ou meios que nos levam a assumir que o sujeito pretendia morrer"
Halbwachs (1930)

tudo!

- o que é que queres de mim?
-nada.E tu?
-nada.

cheirar a noite

caminhava tão só, nem os meus passos me acompanhavam.